Translate

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Dois Patos e Uma Tartaruga


Descontrai-te, mantém-te imóvel e ouve - ouve com atenção esta história  sobre uma tartaruga que vivia num grande  lago cheio de água clara e fresca. Mas isso foi até acontecer uma coisa muito estranha! O que poderia ter sido? Vamos lá ver se conseguimos descobrir!

Então...esta tartaruga viveu há muito, muito tempo, num país longínquo muito quente. Durante muitos anos, ela viveu satisfeita a  nadar preguiçosamente pelo grande lago, ou a tomar banhos de sol, em cima de uma das grandes e verdes folhas de lírio que cobriam a sua superfície. Por vezes, abocanhava uma libelinha que passava, ou tentava apanhar um gordo e apetitoso escaravelho aquático para comer.

A vida era agradável para a tartaruga. Até que num Verão extremamente quente e seco, a chuva parou e o sol brilhou com tal intensidade, que a água clara e fresca do lago começou a secar. Pouco a pouco, o lago tornou-se mais pequeno. Todos os dia  estava mais e mais seco, cada vez  mais pequeno, até que
um dia, havia tão pouca água que a tartaruga decidiu procurar uma nova casa, antes que o lago desaparecesse de vez. Mas de que maneira poderia ela fazê-lo?

Uma manhã bem cedo, quando o sol apareceu no céu, a tartaruga se preparou para procurar ajuda. De repente, ouviu dois patos que grasnavam ruidosamente um para o outro - qüéim, qüéim, qüéim -, enquanto voavam por cima dela. Sem pensar duas vezes, a tartaruga chamo-os:
- Patos! Ei, vocês aí em cima! Por favor, ajudem-me! A minha casa está a secar. Será que vocês me poderiam levar para um outro lago cheio de água?
- Mas como podemos fazer isso? - responderam os patos. - Nós estamos a voar cá em cima e tu estás aí em baixo.

No momento em que tudo isso acontecia, a tartaruga tropeçou num pau bem comprido que estava no meio do caminho e teve uma ideia:
- E se vocês transportassem este pau nos vossos bicos? - sugeriu. - Assim eu poderia agarrar-me no meio com a boca e vocês levavam-me para outro lago.

- É uma boa solução - concordaram os patos, aterrando ao lado dela. - Mas tu tens que nos prometer que não abrirás a boca.

E assim ficou combinado. Os patos colocaram o pau entre os dois bicos, como uma barra, na qual a tartaruga se segurou pela boca. Eles levantaram voo e transportaram a tartaruga pelo céu em direção a um lago cheio de águas claras e frescas que brilhava no horizonte.

Durante o caminho, voaram sobre um campo onde algumas crianças brincavam ruidosamente. Ao ouvirem o bater das asas dos patos, as crianças olharam para cima e desataram a rir à gargalhada com a cena estranha.
- Que ridículo! - gritou um rapaz. - Dois patos a transportarem uma tartaruga num pau! Não é ridículo?

Bom... isto fez com que a tartaruga se sentisse muito zangada. A cena poderia mesmo parecer muito esquisita, mas havia uma boa razão para tudo aquilo. Irritada, ela gritou para as crianças:
- Vocês é que são ridículos! Não entendem naaaaaada!
Assim que abriu a boca para falar, a pobre tartaruga soltou-se do pau e caiu pelo céu cheio de sol até aterrar na erva com um ruído seco.
- Ai! - exclamou ela, esfregando a cabeça dorida e magoada. - Se não tivesse dado ouvidos àquelas crianças! Agora vou pensar duas vezes antes de responder com raiva a alguém.

Muitas vezes, nos expressamos com raiva, sem refletir sobre o que pode acontecer depois. Uma pessoa sábia pensa antes de falar e, se não pode dizer nada amável, opta por ficar em silêncio.


Esta história foi retirada do livro "Buda para ler ao deitar"

Sem comentários:

Enviar um comentário